sábado, 23 de abril de 2011

O meu amor

Eu não sei muito o que as pessoas esperam do amor. Talvez a salvação das sandices que vêem ao redor de si, talvez a salvação das mazelas de si mesmas, sei lá. Acho que minha capacidade de viver isolado (e em comunicação com algumas pessoas, ao mesmo tempo! huahuahuahua) me trouxe um olhar muito peculiar sobre o amor.

Outra coisa que contribuiu com essa visão foi a minha tentativa louca de fazer uma forma de ver o mundo um pouco mais digna, justa comigo e com os outros. Acho que falhei - mas aqui eu só acho mesmo, não é aquele 'acho' que diz exatamente aquilo que se pensa.

Vou dizer que o meu amor é um amor do 'venha como está', tipo Jesus aceitando você como você está, lá no meio daquele afã todo de um momento de entrega espiritual. Só que, seja de fato ou seja uma interpretação ruim feita por homens (pelas quais eu aprendi algo sobre ele), Jesus requer mudanças; eu não. Eu espero da pessoa amada sinceridade e cumplicidade, mas não que ela mude. Compreendo que se ela não pode mudar e eu não posso suportar o que ela é (ou se tornou), então é  melhor não estar junto.

É, fica uma compreensão muito racional de amor, mas que se faz necessária num mundo onde muita coisa pode acontecer, onde a intimidade é 3.000 vezes mais complicada que as fachadas que montamos pra conviver com outras pessoas no dia a dia de trabalho, estudos, enfim, poucas intimidades. (Como disse um amigo: intimidade é uma merda, mas uma merda boa.)

Esperar que o outro mude, estar na ansiedade de que as coisas vão melhorar quando o outro mudar é almejar um futuro muito incerto, é querer um mundo já resolvido pra que seja bom nele viver.

Acredito que isso é ruim pois as coisas nunca estão de fato prontas, estão sempre nos processos de ficarem prontas. Nós usufruimos de produtos tecnológicos que não estão prontos em seu âmago, usufruimos de ideologias que nunca resolvem tudo o que precisamos (salvo algumas religiões e seus dogmas que tudo resolvem, de maneira pouco contextual e bastante tacanha), estamos a mercê de uma incerteza a cada instante que se queira 'fotografar' da vida. Então esperar que o outro esteja pronto do jeito que queremos é ter esperança em coisa vã.

Querer que o outro mude e fique 'no ponto' é querer, de certa maneira, a perfeição. E a perfeição, justamente por essa incerteza a que estamos sujeitos, é impossível.

Eu tenho meus ideais de mulher, as coisas que eu não necessariamente suporto, as coisas que eu amo ver, os devaneios de perfeição. Mas de forma alguma eu pretendo que o outro neles se encaixem, eu acredito que isso é injusto com o outro, egoísmo.

Então, por tudo isso, o meu amor é muito mais um amor pelo que a outra pessoa é do que o que ela pode vir a ser.

E é claro: não sou perfeito!

Um comentário:

Anônimo disse...

Paradoxal a gente sempre buscar a perfeição, sabendo que ela não é humana...