terça-feira, 23 de junho de 2009

Só a burocracia é excludente?

Outro dia ouvi algo que inspirou esse texto. Odilon Wagner, ator da Globo, disse em uma reportagem que a burocracia é excludente. A partir daí fiquei pensando. A burocracia é excludente e o que mais é excludente? O mercado de trabalho é excludente! As empresas reclamam da falta da mão-de-obra qualificada e a mão-de-obra qualificada se queixa da falta de emprego. Então qual é problema? Há uma distância entre o empregador e o empregado que atrapalha o encontro de um com o outro. Creio ser esse um dos problemas. As pessoas que sempre exerceram funções de diretoria tem uma visão totalmente errada a respeito de como funciona o mercado de trabalho para quem sempre foi empregado. Eles não tem noção do que é estar desempregado e sabem menos ainda a respeito das condições que seu funcionário enfrenta para ir trabalhar como o transporte, por exemplo. Um patrão que sempre foi patrão não imagina o que é o metrô às 7 da manhã. Não sabe o que é lotação, o pára e continua do metrô, não sabe o que é enfrentar o trânsito em pé dentro de um ônibus, não sabe que existe o bilhete único, não sabe nem o valor da passagem em São Paulo. Não sabe o que é ganhar R$500,00, ele não sabe. As empresas procuram sua mão-de-obra no lugar errado e esse é um dos motivos de ter muita gente boa em emprego ruim ou emprego que não é perfil desse trabalhador.
O mercado de trabalho hoje é um labirinto. Nele estão o desempregado que estudou, que tem inglês e cursos e o empregador que procura mão-de-obra qualificada. Eles andam, andam e nunca se encontram.
O mercado só está aberto para as indicações ou o “QI (quem indica)”, como se diz por aí. A partir do momento que uma empresa permite e pratica um certo “nepotismo” (porque pode-se não indicar parentes, mas amigos e amigos de amigos estão liberados!) ela exclui uma possibilidade das pessoas qualificadas que estão no mercado. Assim, o desencontro das empresas com o trabalhador e a prática da indicação são fatores excludentes. E o mercado fica aí, de qualquer jeito, com amigo desqualificado mas indicado e o trabalhador qualificado empacado...
O mercado de trabalho carece de justiça!

Um comentário:

Unknown disse...

Como sempre, um questionamento subversivo: é justo que exista um "Mercado"? É justo o que ele faz?

Pra mim, não há muito jeito de consertá=lo. Foi construido pra ser assim.